domingo, 23 de agosto de 2015

Síntese da História da Sexualidade no Brasil

Quando se trata deste assunto, sexualidade, a grande maioria tem uma visão muito limitada do que seria realmente falar disto. Principalmente, quando em fatores históricos, não entendem a evolução de comportamentos e costumes no devir histórico que nos faz refletir e entender a sexualidade. Assunto que se deve comentar, discutir, divulgar, sem tabus e sem vulgarização.
Hoje encontramos em propagandas comerciais, mulheres, homens, ambos seminus, lambendo os beiços e trocando olhares. Nossos padrões de beleza e erotismo têm mais influência cultural do que genético, se não dizer, só tem. Hoje ao vermos mulheres bonitas, para os modelos da mulher agradável que são impostas na mídia, desejamos, nós homens, as mulheres limpas com peles macias etc. No Brasil Colônia, quanto mais cabeluda fosse a região genital feminina melhor agradava os anseios dos machos. Como diz a historiadora Mary Del Priore: “As vergonhas depiladas remetiam a uma imagem sem sensualidade. As estátuas e pinturas que revelam mulheres nuas, o faziam sem pelos púbicos. A penugem cabeluda era o símbolo máximo do erotismo feminino”.
Talvez com isto, podemos indagar e refletir de como a questão de protótipo do belo e sensualidade estão mais ligadas ao comportamento de uma sociedade. Lembrando, que as questões higiênicas não tinha uma mínima de preocupação. A região feminina, chamada de “tesouro da natureza”, estava relacionada à reprodução, maternidade. Quando se deixava os pelos crescer, a mulher era considerada prostituta. Como diz Priore:
“As pessoas consideradas ‘decentes’ costumavam depilar ou raspar as partes pudendas para destituí-las de qualquer valor erótico. Frisar, pentear ou cachear os pelos púbicos eram apanágios das prostitutas”.
E para por fogo nesta conversa, e talvez causar aversão ao ler os próximos pontos, além de ser bem cabeluda teria que ter o “cheirinho” natural. Só para ter uma ideia, um odor ao ponto de criar vômitos nos tempos de hoje era fator primordial para uma boa cópula.
O próprio Gregório de Matos (O Boca do Inferno) conta isto em seus versos:

“Lavai-vos quando o sujeis
E porque vos fique o ensaio
Depois de foder lavai-o
Mas antes não o lavais...”

Entrando no campo do desejo sexual, de suma importância para entender algumas curiosidades, enquanto hoje numa relação sexual o casal (homem e mulher) poderia se deliciar e expressar suas sensações e prazeres sem se preocupar com censura, antes isto era diferente. No passado, o direito de gozar era, apenas, do homem. A Igreja reforçou esta ideia e o comportamento de que o “gemer” feminino além de proibido, era repudiado pelos próprios maridos. A Mulher não tinha este “direito” de ter prazer, sua função diante da sociedade da época era de procriar, como diz, mais uma vez, Priore:
Ser assexuada, embora tivesse clitóris, à mulher só cabia uma função: ser mãe. Ela carregou por quinze séculos a pecha imposta pelo cristianismo: herdeira direta de Eva, foi responsável pela expulsão do paraíso e pela queda dos homens. Para paga seu pecado, só dando à luz entre dores.
Lembrando, enquanto hoje o beijo na boca são comuns nas praças, nos Shopping, Praias e diversos lugares públicos. Beijo na boca mesmo, só veio ser comum com a invenção do creme dental e a escova. Agora, imagina: "como era antes destas maravilhosas invenções?" Claro que ninguém suportaria beijar uma boca que nunca na vida passou por uma lavagem.

Referência Bibliográfica:
RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
PRIORE, Mary Del. Histórias íntimas: sexualidade e erotismo na história do Brasil. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2011.



http://profhugoleonardo.blogspot.com.br/2011_10_01_archive.html


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